terça-feira, 28 de julho de 2015

PRESOS


Prezamos por não sermos presos
Predigamos uma liberdade carcerária
Interpelamos nossos grilhões urbanos
Vãs visões de um imaginário contemporâneo.

Assistimos o choro de mães desmamadas
Contemplamos a tristeza de pais despaternalizados
Vislumbramos a angustia de jovens desvirtuados
Vã geração em grilhões de suas próprias ambições.

Cantamos as antigas melodias da infância
Brincamos com as memórias de tempos de rua
Saudamos as rizadas sem sentido que davam sentido a vida
Vã consciência a sufocar na expectativa das amarras do hoje.

Duvidamos da existência da bondade humana
Interrogamos a futilidade do que nos define
Afirmamos a convicção de nossas dúvidas
Vãos soluços de uma algemada temporariedade existencial.

Presos da liberdade de redes sociais
Gente de conexões capitalistas
Humanos de virtualidade fotográfica
Vã existência de perfil.

[por Vinicius Seabra | escrito no outono de 2015]

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