segunda-feira, 30 de setembro de 2013

COISAS DE VINICIUS



Um bicho igual a mim, simples e humano
Mas iguais não há, mesmo que no nome seja

A felicidade é uma coisa boa
Mas cega nossas vis lições de fracassos

Porque a vida só se dá pra quem se deu
Mas dar é um verbo com poucas declinações no hoje

De tudo, ao meu amor serei atento
Mas jamais me acostumarei a amar

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Mas tristeza é teimosa, não vai

Não tinha teto, não tinha nada
Mas o que importa é com quem está, não onde está 

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

terça-feira, 24 de setembro de 2013

MARIA ONESE



Muitos são os compostos de marias
Semelhanças que diferem existências

Tem a Maria do Socorro
Que é fruto de uma ajuda divina

Há Maria das Graças
Que por etimologia busca encontrar o Autor

Existe a Maria das Dores
Que tem estigmas do sofrer no viver

Perambula por ai a Maria da Liberdade
Que intenta ser um manifesto vivo

Haverá sempre muitas Marias!
Pós-modernidade que faz novas Marias surgir

Então, por que não, Maria Onese
Um ser paródico da maionese

Maria Onese!
Que resume a existência capitalista numa gôndola

Maria Onese!
Rótulo que estampa nossos preconceitos de cor

Maria Onese!
Sabor original de existência comerciável

Vende-se maionese
Dá-se o preço da Maria Onese 

[por Vinicius Seabra | escrito no inverno de 2013]

terça-feira, 17 de setembro de 2013

VIDAS PLACEBAS



Ser ou não ser? 
Prefiro parecer! 
Fingir ser o que todos querem ser 
Fotografar o meu ter, 
Postar sorrisos de querer, 
Esconder feridas que ninguém vê

Ser ou não ser?
Desta questão quero me abster!
Os nobres querem amadurecer
Os plebeus só sabem enlouquecer
Os espectadores julgam saber
Os poetas precisam alvorecer

Ser ou não ser?
Afinal, quem quer saber?
Só preciso viver
Ser quem sou sem me conter
Caminhar com estigmas de ser
Não ter que fingir não ser 

[por Vinicius Seabra | escrito no inverno de 2013]

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

SOBERBA


Todos nascem como qualquer um
Despidos se apresentam para a existência 
Convidando à vida para a celebração da simplicidade

Na infância se divertem com todos
Não há razão para ser melhor que o outro
Tudo é apenas uma boa e risonha brincadeira

Na adolescência se rebelam por qualquer coisa
Denunciam um mundo de incompatíveis
Julgam ser melhores por não fazer como todos

Na vida adulta abandonam as lutas
Acomodam as malas
Tudo fica soberbamente categorizável

Soberba! Arrogância de presunção.
Soberba! Ausência de singeleza.
Soberba! Coisa de gente boba. 

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

SEABRA



Num mundo onde tantos se escondem
Sempre haverá o que se abra
Abrir de dentro para fora
E se expor

Alguns esbravejam que é pouco
Querem mais
Querem minha vida num circo
Para rir e chorar daquele que se abra

Abrir não é fácil
Quando se vive numa masmorra
Se abra ou se fecha, não sei
Apenas sei que Seabra serei 

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]