sábado, 6 de dezembro de 2014

IRA


Brasa
Cólera
Exaltação
Furor
Fúria
Raiva
Sanha
Zanga
Inquietação
Aflição
Agitação
Perturbação
Nervosismo
Afobação
Emburramento
Corrosivo
Doença.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

ESPECIAL


Especial não precisa ser espacial
Não tem que ser marginal
Nem carece de sentimento paranormal.

Especial é necessário
Mesmo que temporário
Ainda que antiquário.

Especial é mais que legal
É querer transformar sem igual
Momento surreal.

Especial é simples existência
Saber sabores sem magnificência
Encontrar pessoas por experiência.

Especial não é tão especial, apenas é natural.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

terça-feira, 21 de outubro de 2014

NEOLOGISMOS


Novas palavras com possibilidades intermináveis
Novos significados se apresentam ao moderno
Novas possibilidades neologísticas infindáveis
Novas linguagens de um dicionário externo.

Mundo de criatividade linguística crioexistencional
Descobertas ortográficas dessilábicas
Surgimento de gramáticas abstratosférica
Comunicação moderna de relacionamentos antroposeres.

Liberdade para escritores descreventes.
Horizontes inacabáveis de ideias mutimultantes.
Pontes do saber de postulados des-conhecidos.
Céus com chuvas de palavras in-pronuncifráveis.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

IGUAL


Igual é tudo aquilo que não se difere
Diferente é saber que tudo é muito igual.

Vãs repetições de canções distantes
Meros anões no pedestal do presente.

Para onde vamos não precisamos ser parecidos
Não carece de sermos disformes.

Apenas necessita ser
Igual a você, diferente!

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

TRISTEZA


Tristeza é um caminho solitário
É uma jornada de vacilantes amigos
Pobre esperança que se esqueceu de ir.

Tristeza é sinônimo de ausência
É choro de alma
Canção silenciosa que todos escutam.

Tristeza é vitória não celebrada
É certeza de perdas irreparáveis
Livro escrito sem sentido.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

GERUNDISMO


Ação contínua do indeterminando
Processo verbal de estar inacabando
Vício linguístico de uma geração em andos
Futuro contínuo de erros cotidianos.

Estaremos mandando
Estaremos telefonando
Estaremos verificando
Estaremos encaminhando.

Gerúndios tupiniquins
Culpa dos gringos de biquínis
Desconhecimentos linguísticos afins
Descaso da comunicação de fim.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

SEMELHANTES


Semelhantes não são iguais
Iguais não existem,
Apenas há semelhantes.

Semelhantes se parecem
Parecer não torna igual,
Apenas se aproxima do que é.

Semelhantes, às vezes, se confundem
Confundir é sempre igual,
Apenas mais um erro semelhante.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

VERDE DISFARCE


Sustentabilidade de mídia
Ecologia de plenárias
Terras intocáveis.

Reaproveitar dos admiráveis
Descartes inúteis
Reciclagem fotográfica.

Solidariedade dos nobres
Erradicação de números
Preservação da ignorância.

Ser visto verde
Aparência do importar
Homílias de plateia.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

WONDERLAND


Há quem viva no país das maravilhas
Outros escolhem fazer de suas vidas umas quadrilhas.

Imaginário existencial do amor
Lugar estes que desdenha o dissabor.

Não é longe onde você está
Num breve olhar vamos nos conectar.

Ainda não ti vi, mas sei que te amei
Desde o dia que teu nome escutei.

Mesmo nunca ter te encontrado
Em mim um buraco imenso foi deixado.

Um glorian day, não por causa da morte dum dragão
Mas sim, por um lampejo em minha escuridão

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

segunda-feira, 21 de julho de 2014

NEGRINHO DO PASTOREIO


Dizem que escravidão acabou
Mas injustiça não teve fim
Nem violência soube do término.

A maldade não acaba com quem somos
Somente acentua nosso caráter
Que de tanto sofrer define nossas alegrias.

Fim da intolerância longe está
Coronéis latifundiários ainda espreitam
Jagunços nada ficaram obsoletos.

Negrinho que desnuda nossa africanidade
Pastoreio que descortina nossas habilidades
Na mais obscura tortura de formigueiros.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

domingo, 29 de junho de 2014

SUPERMERCADO


Na gôndola o amor
Na vitrine a esperança
No mostruário a bondade
No manequim a paz
No preço a ética
Na promoção a existência
No Marketing a amizade
Nas vendas a confiança
Na embalagem a felicidade
No prazo de validade a humildade
No caixa a tolerância
Na sacola a gentileza
No luminoso a paciência
Nos corredores a modéstia.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

sábado, 14 de junho de 2014

BORRACHA RIA, TAMBÉM


Que a porca ria eu sabia
O que me surpreende é saber que borracha ria
Até parece que todos nesta busca viveria.

Seriam a porca e borracha univitelinas
Ou será que é mera coincidência de grafia
Dispostas estariam num pretérito que sonharia.

Talvez a porca não mais ria
Quem sabe a borracha desistisse desta ria
Triste seria este ínterim que existiria.

Distantes todos parecem que ria
E assim como outrora juntaria
E borracharia ficaria.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

sexta-feira, 6 de junho de 2014

DES


Desnecessária vida o é
Desmedida de amores o serás
Desentenda razão
Desafortunada paixão.

Descrente convicção de ser
Desproporcional querer ter
Destemida lógica
Despretensiosa rota.

Desmerecer aparência de
Desconstruir máscaras do
Descansar aprazerdes
Destes des.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

sexta-feira, 23 de maio de 2014

NEM TUDO É NATURAL, APENAS NORMAL


A história ensina que as palavras ao longo do tempo vão perdendo sentidos, e agregando outros, fruto de valores extrínsecos que tendem a transformações etnológicas do momento – tudo bem natural. Então, como não poderia ser diferente, o contexto das vivências também interfere diretamente no significado das palavras pronunciadas e nos significados absorvidos, gerando reações adversas (incertas) num mundo relativista e com percepções individualistas.

A leitura de cenário do cotidiano da existência urbana, que está em constate mutação, brinda a presente época com um dualismo nada dialético entre o que é normal e o que é natural. Na busca por definições, significados, sentidos e percepções interlineares no diálogo humano, fazem-se necessário arrazoar entre o que é natural e o que se torna normal, na construção do ser humano contemporâneo.

Natural ou normal – duas possibilidades existenciais. No primeiro caminho, o natural, perpassa conceitos do tipo: espontâneo, ingênito, peculiar, verdadeiro e simples. Contrariamente, o atalho nomeado de normal tangencia algo do tipo: conforme à norma ou à regra comum, que serve de regra, de modelo, algo habitual e ordinário. Ou seja, é bem provável que se consiga ser normal, sem ser natural. Sendo o inverso igualmente verdadeiro e possível. Seria preferível, ao menos desejável, que se viva na atmosfera do natural, porém existir na redoma do normal é mais aceitável, pelo menos para os padrões atuais.

No presente processo de modernização, de gente citadina, o discurso é de aceitação da normalidade. Morte, destruição, terror, violência, destruição, corrupção, desrespeito – tudo ficou tão normal que nem mais gera reação nos espectadores da vida. Não é que perdemos a força por lutar, é que tais mazelas se tornaram normais. Não é que tenhamos desistido, é que fazemos parte dos horrores do cotidiano. E, não é que abafamos a esperança, é que viver se tornou uma atitude normal.

Distante das normalidades, como que numa resistência silenciosa, percebe-se aquilo que é natural. Amar, ajudar, socorrer, ombrear, olhar, sentir, brincar, sorrir, parar, questionar, respirar, desculpar – tudo tão inexplicavelmente natural que causa estranheza nas rotineiras vidas artificiais. Nascemos com o dom da naturalidade, porém somos adestrados para sermos normais. Neste processo despedagógico perde-se no percurso o que é importante e faz-se agarrar àquilo que é urgente. Dali sustenta nossas histórias que, enfim, se contenta em descolorir (desbotar) a naturalidade.

A bem da verdade, quase tudo o que fazemos hoje se encaixa no âmbito das normalidades. Isto significa ter que admitir que a sociedade atual apenas reproduz um padrão de conduta normal que vem passando por um processo paradoxal de metamorfose intelectual e sentimental – uma desconstrução inevitável do ridículo natural. Isto é normal na história, mas indiscriminadamente não é natural. Por esta razão, é normal não fazer o que é natural, pois naturalmente somos normais.

[por Vinicius Seabra | escrito no outono de 2007]

terça-feira, 20 de maio de 2014

ESPONTANEIDADE


Não se vive em cativeiro
Não se aprende a pensar nas jaulas.

Não se estuda sem rascunhar
Não se cria sem imaginar.

Não se tem sucesso distante da pedagogia do fracasso
Não se percebe oportunidades quando em movimento.

Não aprisiona ao ser medíocre
Não tolera o previsível existente.

Não canta canções repetidas
Não escuta notícias dadas.

Não há antecedentes nem precedentes
Não há limites nem imites.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

quinta-feira, 8 de maio de 2014

POR QUE TANTO PORQUÊS?


Por que existem tantas questões?
Talvez porque temos dúvidas
Por quê?
Quero saber o porquê disto!

Por que destes porquês
Se não temos por quê?
Haveria um por que de ser
Se não houvesse tantos porquês?

Por quê?
Teria um porquê
Por que deveria ter?
Porque isto explicaria tudo.

Por que por quê?
Porque porquê
Por quê?

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

domingo, 27 de abril de 2014

CAPOEIRA


Dança escrava daqueles que sonham com a paz
Gingados de liberdade dos esquecidos da vida
Jogo saltitante para vislumbres da esperança
Quilombos distantes de olhares coloniais.

Berimbau que rompe o silêncio dos coronéis
Atabaque para despertar sonhos adormecidos
Pandeiros que embalam sorrisos
Percussão para enamorar corações tupiniquins.

Luta dos desiguais
Batuque dos marginalizados
Maculelê dos destemidos
Puxada de rede dos cansados.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

segunda-feira, 21 de abril de 2014

DESPREZÍVEL


Nas margens da aparência ele se esconde
Dentro dos risos ele se destaca
Nas trevas ele não precisa fingir ser
Distante ele é tão feliz
Nas conversas ele é hábil aprendiz
Quem é você?

Na vida ele se envolve
Caminhos tortuosos ele sempre desvia
No silêncio ele escuta a si mesmo
Amigo de todos ele é, mesmo sem saber
Tudo ele faz para nada contender
Quem é você?

Desprezível ser que a todos conduz
Que nunca se olha no espelho
Previsível ser desprezível.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]

sábado, 5 de abril de 2014

PAZ


Discurso amigável de gente sofrida
Dores da alma de gente cansada
Sofrimento que afugenta o medo
Tolerância daqueles discriminados.

Gritos de esperança para gente perdida
Solavancos do amor intolerável
Terrível clamor de vidas desamparadas
Sonho distante de quem no tempo parou.

Existências de ínterim
Procuras perdidas
Lágrima só
Paz.

[por Vinicius Seabra | escrito no verão de 2013]