Na primeira pessoa do singular eu não sou
Quando muito, apenas estou.
Eu não é palavra que denote singularidade
Minha pessoalidade é mutável.
De tempo em tempos me redescubro,
Me reinvento, ou me reinventam.
Encontro uma nova forma de ser eu mesmo
Geralmente muito diferente do eu que conheço.
Eus é mais apropriado para mim
Reflete mais minha versatilidade caótica.
Que de tão confuso e intruso me descubro
Vislumbro o novo que antigamente aqui existia.
Eus é a sétima pessoa do plural
Existência que de tão multifacetada,
Não consegue ser conjugada.
A esta, resta apenas ser admirada pelos errantes.
Eus aprende a conviver com os dissabores da vida,
Consegue ser o que precisa ser no momento,
Não precisa ser sempre o mesmo,
Não precisa ser um monumento.
Quisera eus conseguir me livrar do eu
E, enfim mergulhar na vida,
Descobrir a brevidade das histórias
E, então, fazer um retalho de minhas existências.
[por Vinicius Seabra | escrito no inverno de 2014]