segunda-feira, 20 de julho de 2015

CORAÇÕES NA CONTRAMÃO


De longe se vê a esfinge desta insignificância democrática
Bravura de gente de não sabe pensar além de si
Gesticulações de desfile carnavalesco da consciência
Gritos de revolução sem absolutamente nenhuma evolução.
Somos frutos de um recapeamento da esperança.

Nas plenárias educacionais se ouve os gemidos triunfantes
Celebrações do fracasso coletivo de uma nação sem noção
Motivo de júbilo ainda que desvirtuoso
Vencer! Mesmo que faça todos perder, sem entender.
Somos frutos de uma pavimentação do horror.

No amor não se tem mais enraizamentos a fim de florescer
No caminhar não interessa mais aonde se quer chegar
Na paisagem as estatuas parecem ter mais vida do que nós
Nas sementes se escondem escolhas encubadas, a morrer.
Somos canteiros em ilhas asfálticas a esperar.

Há tanta gente na contramão que não sabemos mais o sentido
Seguimos um rumo, sem prumo, porém convictos de ir em frente
Olhamos para trás e vemos o que nos traz a avenida
Sacolejamos nossas paixões por pura convicção do vazio.
Somos placas sinalizadoras que insiste: “devagar”.

O que somos em tantas metamorfoses multifacetadas
Petrificação de mobilidade que vai se esvaindo pouco a pouco
Sem perceber, pouco entender, mais muito entreter
Caminhamos na contramão dos que estão na contramão.
Somos corações betumizados a pedir carona.

[por Vinicius Seabra | escrito no outono de 2015]

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